Vilankulos - de 28 de Outubro a 1 de Novembro 2011
O percurso para Vilankulos começou em Inchope. A experiência de deslocação de autocarro em Moçambique, é algo que vale sempre a pena partilhar. Depois de sair do Parque nacional de Gorongosa (PNG), fomos deixados na Paragem de Autocarros e Chapas de Inchope. Carlos Monteiro, o simpático recepcionista do PNG ofereceu-se para comprar antecipamente os nossos bilhetes de autocarro para Vilanculos, uma vez que ía a Beira, a cidade onde vive e onde se encontram os escritórios do TCO. Entregamos cópia do passaporte e 800 Meticais e o bilhete traz o nosso nome. TCO é uma empresa de Transportes de um português e este autocarro necessita de reserva de lugar. Tem A/C, TV, WC e oferece um snack a bordo. Pelo caminho de cerca de 5 horas, ainda pararemos a meio para uma rápida refeição num restaurante, se assim o desejarmos. Na Paragem de Autocarros, convivemos com uns locais moçambicanos. Vão para Maputo e esperam o autocarro comum. Aconselham-nos a termos cuidado com as pessoas que nos cercam na confusão da entrada na camioneta, pois podem nos tentar roubar as carteiras. Segundo este amigo, “há muitos malandros por aqui que não querem trabalhar e aproveitam-se da confusão”. Fica registado!
O TCO estava marcado para as 16h30 – aparece ás 17h15 (esperava pior atraso, mas este não é um autocarro comum). Cinco horas depois anunciam a chegada ao cruzamento da EN1 para Vilankulos. Sáo 22h00, não há iluminação na estrada, não existem taxis nem trânsito sequer a quem possamos pedir uma boleia (sob pagamento, claro). Vilankulos fica a 20km. Alguns moçambicamos estão por ali, em barraquinhas de palha e madeira a venderem “não-sei-o-quê”, toda a noite, ás escuras. Eu e Joana olhamos uma para a outra – tinhamos sido informadas de que poderíamos ali alugar um quarto para passar a noite e seguirmos no dia seguinte para Vilankulos. Mas não existe nada por ali! Por sorte (muita sorte), está um “mezungo” (assim somos chamados por aqui, os “brancos”) com um carro na Paragem de Autocarro, pois viera trazer a filha e o namorado que vão embarcar para Maputo. É Sul-africano, tem cerca de 55 anos e vive em Vilankulos. Gere alguns Lodges de Turismo. Perguntamos se nos pode dar boleia e explicamos a situação; sorri e diz para entrarmos. Ficamos a primeira noite no seu hotel, o Smugglers. Recebe-nos uma simpática senhora, a Nela, que é filha de um português e e de uma moçambicana. Fica muito contente por nos conhecer. Nunca visitou Portugal, mas tem 2 filhos pequenos e gostava de os lá levar. Por 1500Mts passamos a noite as duas, num quarto de WC partilhado, muito fraco em comodidade e aspeto, mas depois de uma longa viagem, para apenas uma noite, serve!
No segundo dia em Vilankulos metemos as mochilas ás costas e fomos á procura de alojamento. Entramos por curiosidade na Casa Rex, pois já havia visto as imagens deste Lodge na Internet e são demasiado apetecíveis. Fomos recebidas por uma simpática senhora (sul-africana) e questionámos o preço – 320€/quarto/noite. Agradecemos mas informamos que é demasiado caro para nós, apesar de ser um sitio maravilhoso. A senhora convida-nos a sentarmos, oferece-nos um chá e diz que pode sugerir um sítio que recomenda vivamente. Telefona ao Sr Robert (também sul-africano), que nos faz um preço simpático e nos vem buscar de carro á Casa Rex. Tem uma simpática Cabana, com 4 quartos num jardim em frente á praia – Casa Cabana. Ali gere também um lindo restaurante, que tem o formato de uma grande tenda árabe. Depois de negociarmos o preço, fica por 100 US dólar/quaro/noite com pequeno-almoço continental. O quarto é adoravel, com um alpendre que eu adorava ter em minha casa, como poderão ver nas fotos. O sr Robert apresenta-nos Dale, o seu sobrinho e diz que se precisarmos de alguma coisa podemos falar com o jovem.
Nesse dia, sábado, a praia do Casa Cabana estava a receber uma iniciativa mensal que recolhe fundos para a Escola local – um campeonato de Futebol Júnior e um Churrasco para as famílias. Lá encontramos a Nela, outra vez, de sorriso aberto, que nos acena e nos apresenta a família. A comunidade está praticamente toda ali. É uma vila pequena com uma comunidade unida e familiar. Algumas pessoas oferecem-nos bebidas de boas-vindas (nesse dia recebemos 3) e querem saber quem somos.
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Um tipico barco mocambicano de pesca em Vilankulos |
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A ensinar o jogo do "comboinho" as criancas |
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Casa Cabana |
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A praia da Casa Cabana |
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Um crepe delicioso feito pelo Dale ao Breakfast |
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Tipica imagem dos barcos encalhados quando a mare' vaza |
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Nosso quarto |
A Praia de Vilankulos tem cores muito bonitas. O mar tem vários tons de azul e todos os dias a maré vaza tanto que os barcos pesqueiros ficam encalhados na areia. Mas é normal, todos os dias vaza, mas depois, rapidamente, a baía volta a encher. Caminhamos centenas de metros e não conseguimos um nível de água aceitável para mergulhar. Optamos por nos sentarmos na água para refrescar, mas a água tem quase a temperatura do nosso corpo.
As crianças e os jovens aproximam-se de nós, curiosos…ficam a olhar, a sorrir e quando perdem a timidez tentam falar conosco. Normalmente ficam-se pelas gargalhadas e pela proximidade, a verem todos os nossos gestos e atentos ás nossas conversas. Na praia, sentavam-se ao nosso lado. Na água ,mergulhavam conosco, e ali ficavam… Um dos pontos altos da minha visita á praia de Vilankulos foi quando ensinei a um grupo de crianças e adolescentes um dos meus jogos de infância e assim brincámos juntos por um momento…os risos altos ficaram na minha alegre memória.
Em frente áquela cidade está o arquipélago das Bazaruto. Considerado Parque Nacional, confere ás Ilhas e á área circundante, protecção ambiental. Gostaria de ter pernoitado nas Ilhas, mas o Hotel mais barato é o Pestana Baxaruto Lodge que cobra cerca de 500 Usdólar/noite. No entanto, é possível visitar as Ilhas em viagens organizadas por agências, de veleiro ou de catamaran. O dia é passado numa das ilhas e incluí actividade de snorkeling ou mergulho, onde é possível ver Mantas, Tartarugas, Golfinhos, Baleias…
Programámos um dia de passeio de barco, mas durante a noite fiz febre e tive que passar o dia seguinte no quarto. Os simpáticos Sr Robert, Dale e os funcionários da Casa Cabana durante todo o dia perguntavam por mim á Joana e se era necessário algo. O Sr Robert disse que me poderia levar ao Hospital da área para fazer o teste da malária (100Mts). Apesar de me sentir asténica e com mialgias, a temperatura corporal não ultrapassava os 37,3ºC por isso decidí aguardar. No dia seguinte já me encontrava melhor, no entanto, ainda assim não foi possível fazer o passeio de barco, pois as condições meteorológicas pioraram, assim como a ondulação do mar, e já não era possível fazer um bom snorkeling. Isso e saber que iria passar toda a viagem de barco a querer vomitar por causa da ondulação.
Assim, aceitámos a boleia para o Tofo (nosso próximo local de paragem) oferecida por um grupo de 3 ingleses que conhecemos e que viajavam para lá. 4 horas depois chegávamos à Praia do Tofo e ficamos alojadas na Casa Barry, numa excelente localização em frente ao mar.
O tempo estava cinzento, chovera e estava frio e vento forte. O mar muito revolto. Só no dia seguinte, sobre um céu limpo e um tempo calmo é que conseguimos captar a beleza do Tofo...!
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Adeus Vilankulos |
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