Parque Nacional de Gorongosa, a recuperação de um paraíso perdido.
Um projeto de restauração que deu vontade de conhecer e apoiar depois de ver a reportagem da National Geographic.
Há muito a dizer sobre este pedaço de natureza moçambicana. Há muito a falar sobre Gorongosa, sobre os animais, a natureza, o acampamento de Chitengo, as pessoas…as pessoas são sempre a melhor lembrança que trago das minhas viagens.
O Parque Nacional de Gorongosa, do qual podem obter mais informações no website, www.gorongosa.net, é um local histórico onde outrora era considerado um dos locais de África com maior quantidade e diversidade de animais selvagens. Macadona, o querido guia do Acampamento Chitengo, que se tornou um eterno amigo, mostrou-me um video tipo documentário, da época áurea de Gorongosa. Haviam imensos leões, hipópotamos, zebras, elefantes, búfalos, rinocerontes, (etc) a correrem pelo Parque. Haviam muitas pessoas a visitarem, a observarem, a passarem dias no Acampamento. Gorongosa era um paraíso que foi totalmente destruído durante a guerra civil de Moçambique, entre os anos 80 e inicio dos anos 90. As árvores foram cortadas, a maior parte dos animais foram mortos, não só para o consumo e venda da carne, mas também para extração do marfim dos elefantes, da pele dos leões, corno do rinoceronte entre outras atrocidades. O paraíso desapareceu e só há cerca de 6 anos é que o Governo, juntamente com a Fundação Americana Carr, iniciaram um Projecto de Restauração e desenvolvimento do EcoTurismo. É, portanto, um projecto que merece todo o apoio e admiração.
Adorei visitar o Parque, tenho imensa pena de não ter visto os grandes animais, mas acredito que aos poucos Gorongosa vai voltar a ser o que era.
É delicioso ver os animais em liberdade. Gorongosa não é um Parque comum, os animais não estão condicionados como nos outros parques. Os animais correm em liberdade e atravessam os diferentes ecossistemas que existem. Não estão limitados por vedações para que o turista os possa observar, por isso nem sempre se consegeum ver os animais que se desejam. Por exemplo, eu não conseguí ver os leões e fiz 4 safaris. Para além de ainda serem em pequeno número, eles estão imprevisivelmente colocados. Depende também muito da perícia do nosso guia. É possível fazer safaris autónomamente, no nosso jipe, ou num carro do Acampamento com um guia. Há uma característica muito interessante neste Parque: á medida que vamos progredindo na picada vamos nos deparando com diferentes paisagens. Nenhum safari é igual ao outro e ao longo do mesmo safari não há monotonia. Segundo o guia Macadona, a isto se chamam Biomas (conjunto de vegetação que constitui um ecossistema) e existem 52 no Parque. Assim, poderemos passar por pradarias salpicadas por acácias, savanas com lagunas, florestas com imensas árvores, palmeirais, etc.
Ainda hoje, Gorongosa luta contra os caçadores furtivos, infelizmente. Existe um grupo de vigilantes, tipo um exército que faz a patrulha diáriamente.
O alojamento é possivel no Acampamento de Chitengo, onde, para além de se poder acampar, também se providenciam cabanas, quartos ou tendas. O Restaurante é de excelente serviço tem comida fantástica por preços bastante acessíveis. As actividades também têm preços acessiveis. Tem uma piscina muito apetecível no calor do interior africano. Podem consultar tudo isto no website, na secção Turismo.
Optei por chegar ao Parque através de um vôo para Chimoio a partir de Maputo com a LAM. Tinha reservado um transfer com o Parque a partir deste aeroporto,que durou cerca de 3 horas de carro (mas teria demorado menos se o carro fosse melhor, segundo o motorista que nos foi buscar; pelos vistos o carro do Parque avariou pelo caminho e chamaram aquele senhor). Aconselho a pararem pelo caminho num hipermercado que existe em Chimoio para comprarem produtos para os lanches e água (fica mais económico). O excelente pequeno almoço é oferta do alojamento. Fiquei 5 noites e devo ter engordado um kilo por dia J A comida é muito semelhante á nossa, a sopa é óptima, os peixes também. Adorei o peixe serra e a garoupa. Todos os dias há um prato do dia diferente. O serviço é lento, mas estamos em África onde não parece haver stress, mas de uma simpatia inegualável.
Uma actividade diferente que nos ocupou um dia inteiro foi a Caminhada á montanha de Gorongosa, que é considerada a 4ª montanha mais alta de Moçambique. Fizemos um percurso de carro até chegar a uma entrada da montanha e a partir daqui caminhamos cerca de 1 hora até chegar a uma enorme queda de água. A maior que já ví na minha vida e não estava no seu potencial máximo por estarmos na época seca. O seu nome é Cascata de Murombodzi, que significa “rio provisório”, segundo o nosso guia castiço, o jovem Tonga. Pelo caminho passamos por uma cobra muito venenosa, a Mamba Verde, que felizmente estava morta. Tomamos banho no chuveiro da cascata, almoçamos num simpático pic-nic transportado pelos nossos guias e ficamos umas horas a comtemplar e a trocar informações sobre os nossos países. Tonga tem 21 anos, tem o 12º anos e desejava tirar o curso de biologia na África do Sul ou na Europa para um dia trabalhar num projeto de ecologia. Tonga é muito defensor do ambiente e tem profunda irritação pelos seus amigos que não querem ouvir falar de ecologia.
Pelo caminho, até esta montanha, passamos por imensas aldeias no caminho interior da serra, que vivem da agricultura. São constituídas por famílias numerosas e as crianças, apesar de iirem á escola, também trabalham árduamente no campo. Passamos por crianças com cerca de 5 anos de enchada na mão. Não existem brinquedos, correm para o carro a pedirem canetas. Eu trouxe tantas canetas e lápis de cor para oferecer, mas não trouxe naquela pequena viagem porque não sabia que iria passar por aldeias, mas na mochila tenho uma caixa de giz de cor. Os gritos de alegria quando os entrego na mão de um pequenino. Que alegria, uma alegria que já não vemos nos olhos das crianças europeias quando recebem algo tão simples como uma caneta! Aconselho a trazerem material escolar. Todos nos acenam, todos sorriem para nós. As mulheres trabalham na agricultura com os seus bébés nas costas, amarrados por lenços. Na cabeça trazem os seus produtos, elegantemente equilibrados.
No regresso parámos na “cidade” de Gorongosa e fomos ao mercado. Todos querem uma fotografia, todos, mais uma vez, nos sorriem.
Saio feliz de Gorongosa, porque estive num local histórico, que está a trabalhar viemente para recuperar a vida selvagem, que respeita a Natureza e que tem pessoas fantáticas, que gostam de animais a fazerem o seu trabalho. Gostaria de voltar daqui por uns anos e ver que Gorongosa cresceu, que os animais multiplicaram-se e que voltaram a correr felizes na savana. Eu estive aqui, quando o projecto estava a iniciar e vou poder dizer isso aos meus descendentes. E espero poder dizer também: não tem comparação, há muito mais vida a correr por aqui, África conseguiu recuperar o que o homem destruiu e a força da vida e da Natureza, prevaleceu. Saio com as lágrimas nos olhos, porque sentí saudade mal atravessei o portão de saída, mas sei que vou voltar.
A Joana chora também de alegria e agradece-me tê-la levado lá…isto é inspirador, porque a minha amiga não era grande apreciadora de animais e desde a viagem que partilhou comigo ao Elephant Nature Foundation na Tailândia, não regressou a mesma. Agora é uma nature lover J
Obrigado Gorongosa! See you soon…
Uma pequenina amostra das imagens que trago na máquina e no coração…
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Um Cudo |
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Um grande rio debaixo da vegetação |
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Uma linda árvore africana |
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Uma família de impalas |
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Á espera dos elefantes na Lagoa do Paraíso |
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Os elegantes impalas (machos) |
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Pôr-do-sol na savana |
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Um jovem elefante acabado de se banhar |
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Imbabala |
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Uma família de babuínos |
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O jovem a cheirar o nosso jipe com a tromba |
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Delicioso peixe-serra |
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Outro por-do-sol especial |
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Um hipópotamo (foto cedida por Macadona) |
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WC feminino numa aldeia |
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WC masculino numa aldeia |
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Uma casinha de aldeia |
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Acampamento de Chitengo |
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A piscina de Chitengo |
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Macaco de cara preta |
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Um dos ecossitemas |
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Outro ecossistema |
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Os diferentes ecossistemas naturais no mesmo Parque são fascinantes |
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Uma águia pesqueira |
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Outro lindo Imbabala |
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O Facocero, mais conhecido por PUMA!! E os seus puminhas :) |
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Um Elefante atrás de um jipe num safari (foto cedida por Macadona) |
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Os jovens Leões de Gorongosa (foto cedida por Macadona) |
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Um Leão relaxado (Foto cedida por Macadona) |
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Um elefante chateado... ;) |
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O quarto no Acampamento de Chitengo |
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Os pumas e o macaco-cão |
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Uma familia de elefantes no final do dia |
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Um abutre |
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Á direita, o nosso guia Macadona |
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Joana e eu |
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Dois alunos de medicina, americanos, a fazerem voluntariado na comunidade de Gorongosa |
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Uma visita na piscina :) |
E mosquitos ainda nada??
ResponderEliminarGrande aventureira que tu nos saíste!! Beijos da Ana e meus!
Mosquitos...alguns!! Mas para já, nenhum me estragou a viagem ;) os cuidados habituais com repelente de insectos, rede na cama, roupa longa á noite e a profilaxia da Malária! Beijos
ResponderEliminarOlá doçura! =)
ResponderEliminarEra este:
http://fugas.publico.pt/Noticias/299354_national-geographic-regressa-a-gorongosa-e-tem-novo-documentario-a-estrear