segunda-feira, 20 de junho de 2011

MEKONG DELTA

No dia 17 embarcamos na nossa aventura pelo Mekong Delta. Madame Cuc tratou da nossa reserva através da Delta Adventure Tours! A ideia era fazermos uma passagem de 2 dias por My Tho, Bem Tre, dormirmos em casa de uma família vietnamita em Vinh Long, vermos o mercado flutuante de Cai Be e no final partirmos para Can Tho.

Good bye Ho Chi Min

As 7h30 após o agradável pequeno almoço fornecido pela nossa guesthouse, o guia simpático veio buscar-nos de autocarro para entrarmos num pequeno barco rápido no Porto de Ho Chi Min. Despedí-me da antiga cidade de Saigão, cidade em evolução e reboliço com construções em altura a emergirem, lembrando, ainda que sem comparação, Singapura vista da água.

O nosso guia vietnamita simpático faz as apresentações da equipa e de como vai ser o nosso dia. É um jovem divertido, com bom inglês e que tem um sorriso constante (algo que quem me conhece bem sabe que APRECIO IMENSO)! Junto com ela vem uma menina de 25 anos, vietnamita que está a fazer estagio para ser guia. É natural de uma povoação de Hoi An. Não consegui decorar o seu nome, pois os nomes por cá não são fáceis de entender e memorizar, mas ficamos amigas, ao ponto de nos abraçarmos no reencontro casual do dia seguinte (abraço é um contacto físico raro entre estas pessoas; segundo esta amiga apenas abraçam e beijam as pessoas que tem bom coração e de quem elas gostam muito, muito; é um gesto muito intimo e que é feito com querem bem e com quem nutrem bons sentimentos – sinto-me lisonjeada; questionada sobre a forma como eles habitualmente se cumprimentam, refere que apenas sorriem uns para os outros).





O dia começou bonito e o sol prometia continuar a acompanhar-nos; o ar-condicionado natural do nosso barco rápido era um alivio que atenuava o calor húmido, mas subitamente nos encontramos no meio de um temporal em pleno rio Saigão. As janelas foram fechadas e até ao nosso próximo destino, as nuvens deram-nos tréguas J Saímos então em Bem Tre, onde fizemos uma breve caminhada por entre palmeiras, campos e pequenas casas dispersas nesta zona rural. O destino é uma pequena embarcação onde cabem 5 pessoas e neste pequeno barco percorremos um canal de água estreito, com imensa vegetação, empurrados por 2 senhoras fortes (de alma pelo menos) que remam ao ritmo uma da outra. A aspirante a guia que partilha o banco comigo diz que a vida destas pessoas não é fácil, que são muito pobres, vivem da agricultura e do turismo que vai havendo. As crianças não vão á escola pois os pais têm de trabalhar e não há quem fique com eles quando regressam; por isso ficam o tempo todo com os pais e ajudam-nos no trabalho ou brincam em grupos á vista dos progenitores.

Seguimos para My Tho onde trocamos de embarcação; entramos um grupo com cerca de 12 pessoas num barco de madeira a motor. Mais uma vez somos apanhados pelas chuvas fortes; o nosso guia brinca com a situação e lembra-nos que estamos na Época das Monções. Ficamos enxarcados e rimos da situação. Vale a temperatura amena… Paramos na Unicorn Island e aqui visitamos uma quinta de abelhas; provamos o mel numa bebida a que se juntou limão e chá vietnamita – o guia diz que o mel é muito bom para o nosso estômago. Falou-nos também da geleia real e da dificuldade que é obtê-la pois a quantidade produzida pela abelha-rainha é muito escassa e preciosa.

Continuamos para uma quinta de coco onde se fazem doces com o leite de coco; o guia explica o fabrico destes rebuçados, assim como outros produtos. Por exexplo, explica que o sumo do coco bem como o seu recheio, “a carne branca”, são utilizados para fazer os doces, mas a carcaça do coco também é aproveitada. Ou é utilizada em artesanato para fazer imagens que depois são compradas pelos turistas ou é utilizada para fazer fogo, como combustível. Experimentei os rebuçados de fabrico artesanal e comprei os de chocolate e coco. J

Almoçamos num restaurante de comida tradicional, que fica num amontoado de restaurantes preparados para receber turistas e é-nos facultada a possibilidade de utilizarmos bicicletas, que estão ao dispor de quem quiser usar.
Depois desta pausa continuamos de barco para outra zona da ilha onde provamos diversas frutas locais e escutamos um grupo musical de música vietnamita, com instrumentos bizarros para nós.



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A estender a massa de rebuçado de coco

fábrica artesanal

Os estreitos canais

As voltas com a bicicleta




Regressando a My Tho, fomos as 2 conduzidas para outra embarcação que nos levou para uma Ilha em Vinh Long. Aqui fomos timidamente recebidas por uma família, na sua casa preparada para alojar 6 pessoas (uma espécie de guesthouse rural). O inglês era muito básico, mas foi curioso ficar naquela pacatez. As crianças brincavam e assistiam televisão. As mulheres estavam na cozinha a preparar o jantar. Uma cozinha muito simples, de chão de terra e fogão a lenha. Um grande recipiente com arroz branco estava no chão, onde alguns gatos faziam a prova. Tive esperança que aquela não fosse a nossa travessa do jantar (nunca saberei J) O nosso anfitrião esperava-nos na cozinha para uma simples “cooking class” onde aprendemos a cortar uns vegetais e a cozinhá-los no wook. Comemos o nosso preparado com uns camarões salteados e o famoso arroz branco. Adormecemos as 21h00 – não havia mais nada para fazer…












No dia seguinte, após um belo pequeno-almoço fomos recolhidas pela nossa nova guia, que era exclusivamente para nós (vantagem da época das Monções).
Seguimos pelos canais em direcção ao Rio do Mekong. O objectivo era visitar um dos maiores mercados flutuantes do Mekong Delta - Cai Be!

Pelo caminho (1 hora) assistimos á vida dos locais pelas margens do rio. Simples vidas que vivem da pesca, da agricultura, do comércio… vivem em casas pequenas á beira do rio e apesar da cor castanha, a nossa guia diz que a água é boa para lavar a roupa e cozinhar. Refere que na altura das chuvas o rio traz a água das montanhas e por isso tem a cor barrenta.

Passamos por uma bonita e antiga Igreja Católica, com uma pequena escola ao lado.
Mas é em Cai Be que está a grande surpresa de uma Catedral católica imponente com visão do rio.
Antes de lá chegar cruzei-me de novo com o meu “amigo” Mekong. Aquele que me embalou por 2 dias em Novembro no Laos, entre Chiang Khong e Luang Prabang. Foi importante para mim revê-los, trouxe-me memórias e sentimento de respeito. Nunca o vi tão imenso…está na recta final, quase a desaguar no Mar da China, mas já correu tanto para aqui chegar… nasceu no Tibete, correu 5 países, deu vida a muitas pessoas, animais, florestas e montanhas e agora aqui, no Mekong Delta, ainda vibra como se tivesse acabado de nascer… plataformas extraem areia do fundo do rio, embarcações transportam produtos agrícolas e não só, do rio saiem também alimentos (peixes, algas, mariscos…), os barcos servem de casa a quem não tem terra… Assisto e contemplo!

O mercado flutuante de Cai Be é um dos maiores da zona. Lá atracam embarcações com produtos agrículas, que permanecem ás vezes 1 ou 2 semanas, até escoarem o seu stock. O vegetal ou fruto disponível no barco é assinalado numa estaca alta na frente, onde penduram o que vendem. Pequenas embarcações aproximam-se para fazerem as suas compras e de lá seguem para os mercados locais, em solo de terra.









Os olhos pintados para afugentar os crocodilos que dizem já não existir há muito no Mekong







Em Cai Be visitamos uma quinta que fabrica artesanalmente produtos do arroz, como a folha comestível de arroz, flocos/bolachas de arroz com outros produtos locais, vinho de arroz (45º) e surpresa das surpresas, pipocas de arroz J Achei particularmente interessante a forma como fazem as pipocas! Num grande tacho que se encontra a aquecer em lume feito com a casca de arroz (casca esta que depois em cinza é utilizada como fertilizante), está areia que tem de aquecer até ficar preta; quando atinge esta característica, os grãos de arroz são depositados e começam a explodir pipocas!

De volta a My Tho, procurámos a Estação de Autocarros e entramos na mais bizarra viagem de estrada até Can Tho, a maior cidade do Mekong Delta! 


Folha de arroz

Pipocas de arroz





O reencontro com a minha amiga guia



Mercado em My Tho




Sobre o meu Mekong :)
ALGUMAS NOTAS IMPORTANTES: NÃO HÁ ACESSO AO FACEBOOK NO VIETNAME; A REDE DE INTERNET NÃO É MUITO BOA; NÃO TENHO REDE DE VODAFONE, SÓ TMN!

UM ATÉ JÁ! (já me encontro na ilha de Phu Quoc)



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