No dia 17 embarcamos na nossa aventura pelo Mekong Delta. Madame Cuc tratou da nossa reserva através da Delta Adventure Tours! A ideia era fazermos uma passagem de 2 dias por My Tho, Bem Tre, dormirmos em casa de uma família vietnamita em Vinh Long, vermos o mercado flutuante de Cai Be e no final partirmos para Can Tho.
Good bye Ho Chi Min |
As 7h30 após o agradável pequeno almoço fornecido pela nossa guesthouse, o guia simpático veio buscar-nos de autocarro para entrarmos num pequeno barco rápido no Porto de Ho Chi Min. Despedí-me da antiga cidade de Saigão, cidade em evolução e reboliço com construções em altura a emergirem, lembrando, ainda que sem comparação, Singapura vista da água.
O nosso guia vietnamita simpático faz as apresentações da equipa e de como vai ser o nosso dia. É um jovem divertido, com bom inglês e que tem um sorriso constante (algo que quem me conhece bem sabe que APRECIO IMENSO)! Junto com ela vem uma menina de 25 anos, vietnamita que está a fazer estagio para ser guia. É natural de uma povoação de Hoi An. Não consegui decorar o seu nome, pois os nomes por cá não são fáceis de entender e memorizar, mas ficamos amigas, ao ponto de nos abraçarmos no reencontro casual do dia seguinte (abraço é um contacto físico raro entre estas pessoas; segundo esta amiga apenas abraçam e beijam as pessoas que tem bom coração e de quem elas gostam muito, muito; é um gesto muito intimo e que é feito com querem bem e com quem nutrem bons sentimentos – sinto-me lisonjeada; questionada sobre a forma como eles habitualmente se cumprimentam, refere que apenas sorriem uns para os outros).
O dia começou bonito e o sol prometia continuar a acompanhar-nos; o ar-condicionado natural do nosso barco rápido era um alivio que atenuava o calor húmido, mas subitamente nos encontramos no meio de um temporal em pleno rio Saigão. As janelas foram fechadas e até ao nosso próximo destino, as nuvens deram-nos tréguas J Saímos então em Bem Tre, onde fizemos uma breve caminhada por entre palmeiras, campos e pequenas casas dispersas nesta zona rural. O destino é uma pequena embarcação onde cabem 5 pessoas e neste pequeno barco percorremos um canal de água estreito, com imensa vegetação, empurrados por 2 senhoras fortes (de alma pelo menos) que remam ao ritmo uma da outra. A aspirante a guia que partilha o banco comigo diz que a vida destas pessoas não é fácil, que são muito pobres, vivem da agricultura e do turismo que vai havendo. As crianças não vão á escola pois os pais têm de trabalhar e não há quem fique com eles quando regressam; por isso ficam o tempo todo com os pais e ajudam-nos no trabalho ou brincam em grupos á vista dos progenitores.
Seguimos para My Tho onde trocamos de embarcação; entramos um grupo com cerca de 12 pessoas num barco de madeira a motor. Mais uma vez somos apanhados pelas chuvas fortes; o nosso guia brinca com a situação e lembra-nos que estamos na Época das Monções. Ficamos enxarcados e rimos da situação. Vale a temperatura amena… Paramos na Unicorn Island e aqui visitamos uma quinta de abelhas; provamos o mel numa bebida a que se juntou limão e chá vietnamita – o guia diz que o mel é muito bom para o nosso estômago. Falou-nos também da geleia real e da dificuldade que é obtê-la pois a quantidade produzida pela abelha-rainha é muito escassa e preciosa.
Continuamos para uma quinta de coco onde se fazem doces com o leite de coco; o guia explica o fabrico destes rebuçados, assim como outros produtos. Por exexplo, explica que o sumo do coco bem como o seu recheio, “a carne branca”, são utilizados para fazer os doces, mas a carcaça do coco também é aproveitada. Ou é utilizada em artesanato para fazer imagens que depois são compradas pelos turistas ou é utilizada para fazer fogo, como combustível. Experimentei os rebuçados de fabrico artesanal e comprei os de chocolate e coco. J
Almoçamos num restaurante de comida tradicional, que fica num amontoado de restaurantes preparados para receber turistas e é-nos facultada a possibilidade de utilizarmos bicicletas, que estão ao dispor de quem quiser usar.
Depois desta pausa continuamos de barco para outra zona da ilha onde provamos diversas frutas locais e escutamos um grupo musical de música vietnamita, com instrumentos bizarros para nós.
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A estender a massa de rebuçado de coco |
fábrica artesanal |
Os estreitos canais |
As voltas com a bicicleta |
Regressando a My Tho, fomos as 2 conduzidas para outra embarcação que nos levou para uma Ilha em Vinh Long. Aqui fomos timidamente recebidas por uma família, na sua casa preparada para alojar 6 pessoas (uma espécie de guesthouse rural). O inglês era muito básico, mas foi curioso ficar naquela pacatez. As crianças brincavam e assistiam televisão. As mulheres estavam na cozinha a preparar o jantar. Uma cozinha muito simples, de chão de terra e fogão a lenha. Um grande recipiente com arroz branco estava no chão, onde alguns gatos faziam a prova. Tive esperança que aquela não fosse a nossa travessa do jantar (nunca saberei J) O nosso anfitrião esperava-nos na cozinha para uma simples “cooking class” onde aprendemos a cortar uns vegetais e a cozinhá-los no wook. Comemos o nosso preparado com uns camarões salteados e o famoso arroz branco. Adormecemos as 21h00 – não havia mais nada para fazer…
No dia seguinte, após um belo pequeno-almoço fomos recolhidas pela nossa nova guia, que era exclusivamente para nós (vantagem da época das Monções).
Seguimos pelos canais em direcção ao Rio do Mekong. O objectivo era visitar um dos maiores mercados flutuantes do Mekong Delta - Cai Be!
Pelo caminho (1 hora) assistimos á vida dos locais pelas margens do rio. Simples vidas que vivem da pesca, da agricultura, do comércio… vivem em casas pequenas á beira do rio e apesar da cor castanha, a nossa guia diz que a água é boa para lavar a roupa e cozinhar. Refere que na altura das chuvas o rio traz a água das montanhas e por isso tem a cor barrenta.
Passamos por uma bonita e antiga Igreja Católica, com uma pequena escola ao lado.
Mas é em Cai Be que está a grande surpresa de uma Catedral católica imponente com visão do rio.
Antes de lá chegar cruzei-me de novo com o meu “amigo” Mekong. Aquele que me embalou por 2 dias em Novembro no Laos, entre Chiang Khong e Luang Prabang. Foi importante para mim revê-los, trouxe-me memórias e sentimento de respeito. Nunca o vi tão imenso…está na recta final, quase a desaguar no Mar da China, mas já correu tanto para aqui chegar… nasceu no Tibete, correu 5 países, deu vida a muitas pessoas, animais, florestas e montanhas e agora aqui, no Mekong Delta, ainda vibra como se tivesse acabado de nascer… plataformas extraem areia do fundo do rio, embarcações transportam produtos agrícolas e não só, do rio saiem também alimentos (peixes, algas, mariscos…), os barcos servem de casa a quem não tem terra… Assisto e contemplo!
O mercado flutuante de Cai Be é um dos maiores da zona. Lá atracam embarcações com produtos agrículas, que permanecem ás vezes 1 ou 2 semanas, até escoarem o seu stock. O vegetal ou fruto disponível no barco é assinalado numa estaca alta na frente, onde penduram o que vendem. Pequenas embarcações aproximam-se para fazerem as suas compras e de lá seguem para os mercados locais, em solo de terra.
Os olhos pintados para afugentar os crocodilos que dizem já não existir há muito no Mekong |
Em Cai Be visitamos uma quinta que fabrica artesanalmente produtos do arroz, como a folha comestível de arroz, flocos/bolachas de arroz com outros produtos locais, vinho de arroz (45º) e surpresa das surpresas, pipocas de arroz J Achei particularmente interessante a forma como fazem as pipocas! Num grande tacho que se encontra a aquecer em lume feito com a casca de arroz (casca esta que depois em cinza é utilizada como fertilizante), está areia que tem de aquecer até ficar preta; quando atinge esta característica, os grãos de arroz são depositados e começam a explodir pipocas!
De volta a My Tho, procurámos a Estação de Autocarros e entramos na mais bizarra viagem de estrada até Can Tho, a maior cidade do Mekong Delta!
Folha de arroz |
Pipocas de arroz |
O reencontro com a minha amiga guia |
Mercado em My Tho |
Sobre o meu Mekong :) |
UM ATÉ JÁ! (já me encontro na ilha de Phu Quoc)
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