Proclamada "terra de boa gente" por Vasco da Gama, Inhambane é a capital do distrito com o mesmo nome.
É uma cidade onde se consegue recuar no tempo e imaginar como seria na época colonial. As casas de estilo português estão, na maioria, bem conservadas.
Caminhar pelas ruas é sentir, quase, como se estivéssemos no nosso País.
Todos os edifícios importantes , como as Escolas, as Igrejas, os edificios municipais e governamentais são de estilo colonial português.
Encontrei algumas padarias, com pães de cereais, ou pãezinhos doces bem fofos, iguais aos nossos. A influência portuguesa está presente, e bem presente, nos hábitos alimentares moçambicanos.
Na Época dos Descobrimentos, Inhambane foi um importante porto de abastecimento pelos mercadores portugueses, e no século XVIII foi ocupada por Portugal. Em meados deste século, cerca de 1500 escravos por ano passaram por este porto comercial e foi um dos motivos do desenvolvimento económico da região até ao século XIX quando a escravatura foi abolida.
A minha passagem por esta cidade durou apenas um dia. Propositadamente decidi entrar num Autocarro para Maputo nesta cidade, invés de seguir directa do Tofo. Assim, apanhei um "chapa" no centro do Tofo por 25 Meticais (10 por pessoa + 15 da bagagem) e tive a experiência de fazer um percurso de 1 hora, com várias paragens pelo caminho. O 2chapa" era uma carrinha de 9 lugares, mas adivinhem quantas pessoas foram entrando, até o veículo ficar "entupido"? 25!!! Quando eu achava que já não cabía mais ninguém, as pessoas íam entrando ao longo do percurso, ao ponto de irem em pé, dobradas (porque é impossível ir-se direito) e com as nádegas encostadas à porta e as cabeças em cima das cabeças de quem ía sentado. O motorista dá ordem para nos apertarmos, rudemente. Dá vontade de rir, de tão caricata que é a situação, mas por respeito ao modo de vida destas pessoas, controlo-me...
No dia seguinte, mais uma experiência caricata/exaustiva/desesperante/cómica (...), a deslocação de autocarro de Inhambane para Maputo.
No centro desta cidade histórica existe uma Central de Autocarros e Chapas, de onde partem para vários destinos do país. Não há autocarro directo para Maputo. Para isso terímaos de ir apanhar o TCO a Maxixe, por isso fui no autocarro comum. Sem A\C, sem WC, sem limite de passageiros... E 8 horas de vaigem para fazer cerca de 400 km, e mais uma vez com várias paragens pelo caminho.
Mas este é o espírito de África; é assim que se vive e tinha que sentir esta experiência também. Nas várias paragens somos abordados por vários comerciantes que correm para o autocarro para tentar venderem os seus produtos: côcos, bananas, refrigerantes, mandioca, esteiras, cajú, doces...a dada altura, olho para tras de mim e vejo que não cabe mais ninguém...está cheio de pessoas e de malas e ouço uma galinha e pintaínhos que vão no colo de uma senhora. Este é o "verdadeiro" autocarro! :)