O que me levou a deixar a ilha de Gili Trawangan, ao fim do que considero poucos dias, para o pequeno paraíso onde me encontrava? Uma resposta: o Vulcão Rinjani!
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| O Monte Rinjani visto de Gili Trawangan |
A "pequena" ilha de Lombok é dominada pelo espectacular Monte Rinjani, segundo vulcão mais alto da Indonésia - 3726m de altitude.
A Indonésia situa-se entre as placas tectônicas do Pacífico, Euro-asiática e Indo-Australiana. É um país com imensos vulcões e actividade sísmica. Tem pelo menos 150 vulcões activos. O último desastre natural causado por um vulcão foi em 2004, o "Sismo do Oceano Ìndico de 2004" e matou cerca de 170 000 pessoas no norte de Samatra. Porém, a cinza vulcânica é um dos principais factores que contribuem para a alta fertilidade do solo que tem mantido a densidade populacional de Java e Bali.
A última actividade do Rinjani foi em 2004 e é um vulcão semi-activo. Nas encostas mais baixas produzem-se arroz, soja, café, tabaco, algodão, canela e baunilha.
Decidida então a fazer um trekking ao grande vulcão de Lombok, recorrí a uma agência de turismo, junto ao mercado nocturno de Gili Trawangan, onde fiz grande parte dos meus jantares. O simpático indonésio que me atendeu, cujo nome se pronuncia "Hulum",da agência Sea Star, mostrou-me as possibilidades: Percursos de 2 ou 3 dias! Claro que quanto mais dias, mais se pode explorar e usufruir. Não é propriamente um trekking fácil, mas eu, sem preparação física prévia, conseguí! O preço ficou por cerca de 120€ para o Trekking de 3 dias, com tudo incluído, deslocação entre ilhas, deslocação até á entrada da montanha, todas as refeições e águas, bilhete de entrada no Parque Nacional do Rinjani, 1 guia, 2 carregadores, tendas...tudo o necessário para fazer o trekking e levar apenas uma pequena mochila com os utensílios pessoais.
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Antes de entrar na Montanha - "vejo-te daqui a 3 dias", disse ao guarda da entrada |
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O percurso do trekking de 3 dias |
Perguntei a "Hulum" se haviam mais turistas interessados no trekking para aqueles dias, para além de mim e ele disse que sim, que já mais umas pessoas interessadas. Ao comprar uma experiência destas sózinha, sujeitamo-nos ás pessoas que possam aparecer. Mas desde que houvessem mais interessados, era tudo o que eu queria para fazer a minha tão desejada subida vulcânica antes do meu regresso à Europa. O meu grupo já arrancara quando cheguei a Lombok, com uma hora de avanço em relação a mim. (o taxi boat atrasou-se entre as ilhas e eu tive um pequneo incidente ao sair do barco - o meu telemóvel caiu na água do mar e..."afogou-se"! Ainda o tentaram reanimar, mas sem sucesso...coisas que acontecem e por mais uns dias continuaria incontactável). Depois de um forte pequeno-almoço que me fora providenciado (panqueca de banana e café), comecei o trekking com o nosso guia, o Alman (
lombokman20@yahoo.com). Os outros 3 elementos do grupo já seguiram com os nossos 2 carregadores. Mais tarde, ao fim de 1 ou 2 horas, encontrei-os no local de paragem para o nosso primeiro almoço juntos. Conhecí então AAron Cornes, um canadiano que viera sózinho porque a namorada tinha vertigens nas alturas e o casal de Praga, Marcela e Ondrej, que eram recém casados e aquele trekking fazia parte de uma das suas aventuras da Lua-de-Mel.
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Aaron, Oscar (um holandês com quem nos cruzamos mais tarde), eu, Marcela e Ondrej |
Esta altura do ano era das mais favoráveis para fazer esta actividade, uma vez que nos encontravamos na Época Seca. Já na Época das Chuvas, a Montanha do Rinjani é fechada a qualquer actividade turística ou de trekkings, por questões de segurança. Por falar em segurança, convém que as pessoas se consciencializem dos riscos que correm ao iniciar um trekking destes, porque ali não existe qualquer forma de acesso de transporte (a não ser aéreo) e convém tomar medidas de protecção de lesões, bem como saber se o seu estado de saúde permite a entrada neste tipo de aventura, de onde não há retorno. Uma vez lá, é para seguir sempre pelos mais difíceis acessos.
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Entrando na aventura |
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Um caminho interessante ;) |
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Quase que parece uma escadaria de raízes |
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Grupos de indonésios a descansar da caminhada |
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A primeira refeição feita pelos nosso queridos carregadores |
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A despensa ambulante |
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Team work! |
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Subindo...já depois de cruzar a zona das nuvens |
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O querido e competente guia, Alman |
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1ªetapa - chegada aos 2508m de altitude |
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A minha parceira feminina, a linda Marcela |
A caminhada é feita ao nosso ritmo, Alman, o nosso guia, não quer que nos apressemos, se bem que o Aaron era sempre perdido de vista. Habituado a fazer inúmeros trekkings e caminhadas nas montanhas do Canadá, Aaron está numa excelente forma física. Em cada dia caminhamos cerca de 7 km em subidas e descidas íngremes. Por exemplo, para chegar aos 2508m de altitude, onde se encontrava a nossa primeira base de acampamento, fizemos 7000m em cerca de 6,5 horas. No primeiro acampamento deslumbramos a visão das nuvens abaixo de nós, impedindo de ver o que quer que seja abaixo delas, mas dando-nos a experiência de como se nos encontrassemos á janela de um avião, com o céu limpo azul, o sol no horizonte e o manto estendido, branco, fofo...Acima das nuvens, um pequeno cume consegue-se avistar ao longe - é o Agung, o maior vulcão de Bali!
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A montanha e as nuvens |
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As nossa tendas |
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Locais que íam passando em direcção a outros acampamentos |
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Uma familia de indonesios |
A minha maior surpresa, embora já tivesse sido advertida deste facto, é a temperatura extremamente baixa que atinge naquela altitude. De uns 28ºC diurnos, passávamos para uns 4ºC nocturnos. Por muita roupa que vestisse, não me sentía aquecida. Valeu a cozinha improvisada pelos nossos carregadores, cujo fogo foi útil e os sacos cama que eram apropriados para aquelas temperaturas. De qualquer forma, aconselho a levarem um casaco de agasalho bem quente, umas calças e umas meias grossas para passarem a noite. De manhã, logo no início da caminhada, essa roupa é toda para tirar ;)
No dia 2, continuando a subida desde o 1ºacampamento, a distância é curta, mas super íngreme e a serpentear por entre rochas e pedrinhas. Um pé mal colocado e a descida é rápida e acidentada. Porém a chegada ao topo da cratera é fenomenal - a visualização da abertura do "Rim" é um dos pontos altos. Ali se avista toda a cratera, o lago azul turquesa - Segara Anak, o pequeno vulcão activo dentro da grande cratera e avista-se também o ponto mais alto da montanha - o nosso destino de amanhã!
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A aquecer-me na "cozinha" improvisada |
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"Caminhos de cabras" |
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Chegamos Alman! |
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Rinjani |
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Muito feliz por ter conseguido chegar a um dos pontos altos do trekking |
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Com a minha querida Marcela |
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Lombok |
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Ali está o mundo!!! |
Depois de iniciada a descida até ao Lago, descida que parece não ter fim, decorrem cerca de 2 horas e trinta minutos. A boa forma física teria sido uma mais valia para mim nesta parte, uma vez que foi a descer que os meus joelhos se começaram a ressentir. Valeu o apoio da vara artesanal de montanhismo que o meu guia fez para mim para me ajudar a apoiar. Nunca pensei que descer custasse mais do que subir e na próxima vez, para além de trazer as pernas mais preparadas (muscularmente) para esta actividade, vou trazer umas ligaduras elásticas ou umas joelheiras elásticas (mesmo para prevenção de lesões) pois o esforço é grande. Aconselho!
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Em descida para o lago |
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Muito mais duro do que a subida |
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Uma paragem para captar o momento e a vista |
Chegando ao Lago Segara Anak, sinónimo de criança do mar, devido á cor da sua água, avistam-se inúmeros locais acampados em redor de todo o Lago. Para além de este ser considerado um local sagrado pelos indonesios, este Lago é um popular local de pesca. Segundo o meu guia, há uns anos o Lago ganhou peixes, quando o Sr.Presidente da Insonésia trouxe, num helicóptero centenas de Carpas que libertou na água. De outra forma, também não estava a ver como se tinha iniciado vida ali. Na margem do Lago acapamos por umas breves horas para almoçar, descansar e experimentar o jacuzzi natural de águas vulcânicas. E que surpresa tão boa quando entrei na água! Para além de escaldar, burbulhava como se de um jacuzzi de SPA se tratasse. Muito, muito agradável. Ali teria ficado mais tempo se fosse possível.
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Os indonésios em acampamento de dias no lago da montanha sagrada |
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A bela Natureza do interior da cratera |
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Espelho de água |
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Banho público intenacional :) |
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Um belo banho ao fim de 1 dia sem água! |
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Oscar, o militar holandês com quem partilhamos o jacuzzi ao ar livre |
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verde e azul |
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Muito trabalham estes homens |
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Humildade e dedicação |
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Almoço forte e saboroso |
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Bela vista |
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O simpático guia de outro grupo que se tornou um amigo também |
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O happy Jou fez-me um turbante! |
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E o beijo roubado de um islâmico simpático ;) |
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Lindo |
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:) |
As 14h00 iniciamos nova subida, desta vez, em diracção ao Acampamento de Sembalun, onde jantaremos cedo e onde ficaremos na nossa segunda noite no Rinjani. A subida é íngreme novamente e nunca é igaul. A caminhada é muito bela, pois a paisagem que está sempre a mudar é de merecida contemplação. Esta é uma característica muito atractiva do Trekking de 3 dias deste Vulcão. Á medida que vamos progredindo na montanha, a paisagem que está à nossa volta nunca é a mesma, vai mudando de kilómetro para kilómetro e somos sempre surpreendidos. E em relação á dificuldade, bem, o que eu e a Marcela comentavamos uma com a outra é que, quando achavamos que já tinhamos feito o pior percurso, eis que surge ainda pior e pior e pior... :) Na recta final deste dia, é necessário fazer uma verdadeira escalada para se entrar em Sembalun. O medo não se sente porque a altitude é camuflada pelas nuvens que mais uma vez se acamam abaixo de nós. E assim não percebemos o quão alta seria a queda.. Que emoção! Em Sembalun encontramos todos os outros grupos que ocasionalmente se encontravam connosco no percurso. Ali todos iriam pernoitar antes da subida ao pico mais alto da montanha, os 3726m!
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Na direcção certa - Sembalun! |
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Let´s go again! |
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O Lago já a ficar longe... |
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Montanhas forradas a verde |
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Carregadores |
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A entrar na zona das nuvens |
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Ora vamos lá! |
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Cada vez mais alto! |
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Sembalun camp |
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Agora posso relaxar - ufa! |
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Bela captação do nosso amigo |
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A tocar nos 3726m de altitude |
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Conseguimos querida Marcela |
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O Lago Segara Anak noutra perspectiva |
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The team |
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Vista para um vale de Lombok |
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Feliz dupla :) |
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A minha tenda e a dos vizinhos |
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Altitude! |
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Uma das formas de se usar um sari - versão 1 |
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sari - versão 3 |
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sari - versão 4 |
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Jou! |
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Está fresquinho novamente |
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Jou de binóculos |
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Tão simpático! |
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Com Jou e uma amiga russa de outro grupo |
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Gado-gado, o prato do jantar |
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Agung de novo no horizonte |
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O segundo pôr-do-sol no Rinjani |
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Cheers! |
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Happy moment with a hot tea! |
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O espreitar da Lua |
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O Sol que se pôs - até amanhã Rei |
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A vista da cratera no pico dos 3726m |
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A chegada progressiva dos resistentes que subiram o pico mais alto |
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You did it Oscar! |
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Outra bela captação |
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Vigiando o acampamento |
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Os macacos selvagens da montanha |
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Uma mãe com a sua cria |
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A subida ágil a uma árvore |
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Lindos |
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Têm uma vista priveligiada estes macaquinhos |
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Este teve a sorte de comer parte da minha panqueca |
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O assalto ás tendas! |
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A este grande macho nada lhe faltava |
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Os meus amendoins na boca da querida mami |
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Lindos |
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E já no início da descida do regresso |
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Vamos lá outra vez |
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A terra vulcânica derrapante |
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O caminho da descida |
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Espera por mim! lol |
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Paragem para descanso |
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Hi! :) |
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O último almoço em conjunto |
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Lindo verde |
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Os grandes quatro! |
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Buenno! |
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A descer pela savana |
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Uma família que quis parar para tirar uma fotografia com as duas branquelas |
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My partner e os meus joelhos que já não aguentavam |
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Ja a terminar o tekking, entrando nos campos de cultivo |
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Outro trilho diferente |
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E a felicidade por encontrarmos água outra vez. Que refrescante! |
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Indonésia/Lombok |